Procura por ajuda em casos de violência doméstica cresce 122% em Rio Preto


A procura por ajuda de vítimas de violência doméstica subiu em 122% em Rio Preto. Os atendimentos na Secretaria Municipal da Mulher saltaram de 919 de janeiro a maio do ano passado para 2.047 no mesmo período deste ano.

Em 151 dias deste ano, 684 vítimas foram até a rua Bernardino de Campos, na Vila Redentora, entraram no Centro de Referência de Atendimento às Mulheres (Cram), em busca de uma resposta para se livrar da triste rotina, que inclui xingamentos, exploração financeira, estupro e espancamentos. No ano passado, foram 665 vítimas.

O aumento da violência doméstica acontece justamente durante a pandemia do coronavírus. Durante todos os 12 meses de 2020 foram 1.668 atendimentos realizados, número que já foi batido em menos de um semestre de 2021. Em 2019, ano pré-pandemia, foram 1.575 casos.

A secretária da Mulher, Maria Cristina de Godói Augusto, afirma que o aumento dos atendimentos se deu porque em 2020 muitas vítimas, mesmo agredidas, não saíam de casa, com receio de pegar a Covid-19. Mas passado mais de um ano de pandemia, elas estão com mais medo do agressor do que do vírus.

"Em 2021 observamos o aumento das mulheres procurando o Cram e a DDM (Delegacia de Defesa da Mulher), em decorrência do agravamento das situações de violência doméstica. E as hipóteses desse aumento estão pela necessidade do isolamento social, que implicou num tempo maior de exposição da mulher com seu agressor, o aumento do desemprego, o acirramento da crise econômica e o fechamento das escolas devido à pandemia", diz a secretária.

Quem sentiu na pele a violência foi a diarista Natasha (nome fictício), de 24 anos, no dia 25 de junho deste ano. Ela pediu separação do marido, um servente de pedreiro de 25 anos. Inconformado com o fim do casamento, ele incendiou a residência do casal. Ele está preso temporariamente no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Rio Preto. Agora, a vítima e sua filha, de apenas sete meses, vivem de favor na casa de uma amiga no bairro Solidariedade.

"Nunca imaginei que ele fosse capaz de uma coisa assim. Um dia era 'eu te amo', no outro dia ele bota fogo na nossa casa. Nem sei de onde veio tanta violência", comenta a diarista, com a filha no colo.

Em caso de risco iminente de morte, o Cram encaminha a vítima e seus filhos para a Casa Abrigo, um imóvel alugado pela Secretaria da Mulher, de localização secreta, que muda de endereço constantemente por segurança das mulheres.

Quando não há vagas, as mulheres são encaminhadas para o Programa Acolhe, uma parceria do governo do Estado de São Paulo com Instituto Avon. Por meio deste convênio, as vítimas são abrigadas em um determinado hotel por no máximo 15 dias, até que medidas legais sejam deferidas. Somente neste ano, dez mulheres precisaram serem "escondidas" pelo Cram, junto com 15 dependentes.

(Por: Diário da Região)

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