Gigantes disputam o milionário parque criado por Beto Carrero




A venda iminente do Parque Beto Carrero, em Penha, no litoral catarinense, fecharia o ciclo de um projeto ambicioso e vencedor de um ex-peãozinho que ajudava o pai nas tarefas da fazenda em que o este trabalhava, em Rio Preto, e que transformou-se num dos maiores empresários do mundo do entretenimento da América do Sul. Beto Carrero não viveu para ver este momento. Morreu em fevereiro de 2008 e, se estivesse vivo, completaria 82 anos no próximo dia 9.

Dois gigantes de diferentes matizes econômicas estariam na disputa da compra do parque: a rede de restaurantes e lanchonetes Madero e o fundo americano Advent. A oferta da rede de restaurantes com DNA paranaense é de R$ 1,1 bilhão, apurou o Estado. A proposta 'gringa' também está na casa do bilhão de reais.

As negociações para a venda do complexo de entretenimento localizado em Penha (a 115 quilômetros de Florianópolis) começaram no fim de novembro. Além do Madero e do Advent, o fundo de private equity (que compra participações em empresas) Carlyle mostrou interesse, mas acabou considerando o negócio de pequeno porte para seu portfólio, de acordo com uma fonte a par das conversas.

A compra do Beto Carrero seria estratégica para o Advent. No setor de turismo e entretenimento, o fundo detém 50% do Grupo Cataratas, que administra os parques nacionais das Cataratas do Iguaçu (PR), de Fernando de Noronha (PE) e da Tijuca (RJ), além do Zoológico do Rio de Janeiro.

Caso leve o parque de diversões, a intenção do Advent é abrir o capital do Grupo Cataratas, segundo fontes. O fundo vem estudando fazer uma operação semelhante com o Walmart Brasil, que passa por uma fase de reestruturação financeira e de marcas.

O Madero, por sua vez, recebeu em janeiro R$ 700 milhões ao vender uma fatia de 23% para o Carlyle. Criada em 2005 pelo empresário Junior Durski, a rede foi avaliada em R$ 3 bilhões na época da operação. Com 175 lojas no País, o Madero deve encerrar o ano com mais 20 unidades, contando as marcas Madero, Jerônimo e Steak House.

Essa seria a primeira investida do Madero fora do setor de alimentação. A rede colocaria seus restaurantes e lanchonetes para dentro do parque. Durski também pretende levar sua empresa à Bolsa. Em janeiro, quando anunciou o plano de expansão para a rede, o empresário afirmou ao Estado que a intenção era fazer a abertura de capital já no ano que vem. No "cardápio" do Madero está, em breve, extrapolar o setor de alimentação e ir à Bolsa de Valores. E, neste sentido, a compra do parque seria um ingrediente fundamental.

A Revista Exame, na edição do último dia 8, deu como certa a venda do parque para o Madero. E cita uma entrevista concedida, em junho, por Rogério Siqueira, presidente do Beto Carrero. Na ocasião, ele disse que estava preparando a companhia para abertura de capital, o que ocorreria quando os ganhos anuais atingissem algo entre R$ 150 milhões e R$ 200 milhões. Para acelerar o processo, o parque chegou a pegar empréstimo de R$ 50 milhões com o BNDES.

Mas a oferta do Madero acabou fazendo Siqueira mudar os planos. Afinal, a compra não se restringe ao dinheiro. Está embutida também a experiência de Durski, que transformou o mercado de hamburguerias no Brasil - e também tem interesse de se listar na Bolsa.

Conversas

Em novembro do ano passado, começaram as negociações para a venda do parque. Houve pelo menos três interessados: o Madero e os fundos de private equity Carlyle e Advent.

Acionista da empresa que administra os parques do Iguaçu, da Tijuca e de Fernando de Noronha, o fundo americano Advent quer levar o Beto Carrero para expandir a atuação no setor de turismo e entretenimento e também ganhar musculatura para, posteriormente, abrir o capital desses negócios e ir à Bolsa.

Procurados, Madero e Advent não comentaram o assunto. A assessoria de imprensa do Beto Carrero afirmou que as informações sobre a negociação para venda do parque são "improcedentes e sem fundamento".

(Com Agência Estado)


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