STJ determinou que ele receba atendimento médico na capital por até quatro semanas. Médium é acusado de abusos sexuais, mas nega os crimes.
Por Paula Resende, Guilherme Henrique, Rodrigo Gonçalves, Patrícia Bringel e Vanessa Martins, G1 GO e TV Anhanguera
O médium João de Deus
deixou, nesta sexta-feira (22), o Núcleo de Custódia de Aparecida de
Goiânia, na Região Metropolitana da capital, para ser internado em um
hospital de Goiânia, após determinação do ministro Nefi Cordeiro do
Superior Tribunal de Justiça (STJ). Acusado de abusos sexuais, o médium
está preso há mais de três meses, mas sempre negou os crimes.
Uma ambulância chegou ao Complexo Prisional às 13h40 para buscar o
médium e saiu em direção à unidade de saúde às 18h35. O veículo é
acompanhado de vários carros da penitenciária. Ele chegou ao Instituto
de Neurologia de Goiânia às 19h07.
Imagens mostram o médium barbudo e com a bengala que usa ao lado. Sob
escolta de dois agentes penitenciários, ele deve ficar no quarto 407,
que é isolado. O local tem 20metros quadrados, uma antessala, televisão,
frigobar, banheiro privativo e ar condicionado.
Segundo informações de funcionários do hospital, o médium deve passar
por uma bateria de exames. Mais cedo, o médico cardiologista Alberto Las
Casas Júnior, que acompanha o médium, havia alertado que ele corre risco de morrer se o aneurisma que ele tem no abdômen se rompa.

João de Deus deixa presídio para ser internado em hospital de Goiânia
A transferência foi determinada na quinta-feira (21),
após pedido da defesa de João de Deus. O laudo apresentado pelos
advogados foi elaborado pelo médico Alberto Las Casas Júnior. De acordo
com o cardiologista, João de Deus corre risco de ter uma “morte súbita”
por hemorragia caso o aneurisma que possui no abdômen se rompa. Conforme
a decisão, o tratamento deve ser de até quatro semanas.
O Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) informou que vai
questionar essa transferência do médium para o hospital. De acordo com o
órgão, um perito ou médico público deve avaliar a situação já que,
segundo os laudos feitos por profissionais do sistema carcerário, não
havia necessidade da internação.
De acordo com a Diretoria-Geral de Administração Penitenciária (DGAP),
“durante a internação, o custodiado estará sob vigilância ininterrupta
de servidores penitenciários” e ele não deve usar tornozeleira
eletrônica.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2019/e/K/8JMCuDTHqNBtl1MOEU7Q/joao-4-22-03-19.jpg)
Aneurisma
O médico revelou que examinou João de Deus no último dia 22 de
fevereiro. Segundo o cardiologista, o paciente possui um aneurisma na
aorta, de 2,5 centímetros, diagnosticado em exames feitos quando o preso
deixou a penitenciária no dia 2 de janeiro, ao se sentir mal.
“Ele corre risco de morte súbita por hemorragia caso a parede da aorta se rompa, o que pode ocorrer nessa situação [no presídio], no hospital ou em casa mesmo”, explica.
João de Deus também apresentou pressão alta quando foi avaliado - 18
por 10 -, além de indícios de trombose. Ele deve passar por uma nova
bateria de exames tão logo seja internado. A necessidade de uma cirurgia
ainda será avaliada.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2019/K/P/QMBFu8Q3e6CNGIvI6SXg/hospital-gyn.jpg)
Depressão
Laudos médicos pedidos pela defesa do médium apontam que ele perdeu 17 kg desde que foi detido e que “sua saúde tem piorado
apesar da boa vontade dos funcionários do Núcleo de Custódia”, onde
está detido. O documento detalha que João de Deus “passa a maior parte
do tempo deitado, sem ânimo para nada”, além de dormir mal e chorar com
frequência.
O psiquiatra Leo de Souza Machado, que assinou a avaliação
psiquiátrica, afirmou no documento que o preso apresenta “prejuízo em
domínio de memória e atenção e linguagem” e o diagnosticou com
transtorno depressivo grave.
Também conforme o laudo do médico, o médium está sob uma estrutura
considerada inadequada para uma pessoa de 77 anos e aconselha que ele
tenha um enfermeiro ou cuidador com ele 24 horas por dia.
Pedidos de habeas corpus
A defesa de João de Deus vem tentando a soltura dele ou a transferência para prisão domiciliar. O médium teve habeas corpus negado em caráter liminar no Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO) e no STJ.
A corte especial do TJ-GO concedeu habeas corpus ao médium na denúncia
por coação de testemunhas, mas ele não foi liberado porque tem outros
dois mandados de prisão contra ele. O mesmo foi concedido ao filho dele,
Sandro Teixeira, que responde à mesma acusação e foi solto.Resumo do caso
- Ações na Justiça: João de Deus já virou réu três vezes por violação sexual e estupro de vulnerável. A mulher dele, Ana Keyla Teixeira, também foi denunciada no crime envolvendo os armamentos, e o filho, Sandro Teixeira, por intimidação das testemunhas;
- Apuração no MP: O órgão segue colhendo e analisando novas denúncias de mulheres que se dizem vítimas do médium.
- Investigação: Polícia Civil aguarda laudos para concluir a investigação sobre lavagem de dinheiro, devido aos mais de R$ 1,6 milhão e pedras preciosas aprendidos em imóveis do médium.
0 Comentários