De todas as tentativas dos estúdios norte-americanos de se construir um universo cinematográfico nos padrões executados pela Marvel, curiosamente, o resultado mais bem-sucedido até agora veio de uma série de filmes de terror de baixo orçamento que, apesar das possibilidades existentes, nasceu focada em contar uma boa história apenas. E talvez seja nesta despretensão inicial que está o segredo para o sucesso posterior.
Estamos falando de Invocação do Mal, longa de 2013, dirigido por James Wan e baseado nos arquivos dos investigadores paranormais Ed e Lorraine Warren, que abriu as portas para uma série de produções que, boas ou ruins, vêm fazendo um excelente trabalho em criar um mundo totalmente conectado e, no processo, fazer muito dinheiro nas bilheterias.
O primeiro filme derivado da série, Annabelle, saiu um ano depois, em 2014, e, mesmo não agradando a crítica, fez sucesso financeiramente. Com um orçamento de apenas US$ 6,5 milhões, o longa faturou mais de US$ 256,8 milhões em todo o mundo, garantindo tranquilamente uma continuação, que chega aos cinemas de Rio Preto nesta semana, com pré-estreia nesta quarta-feira, 16, antes de entrar em cartaz oficialmente na quinta-feira, 17.
Annabelle 2: A Criação do Mal é, na verdade, um prelúdio. O filme volta ao passado para contar como que a boneca amaldiçoada foi criada. Tudo começa com a morte da filha de um artesão de bonecas. Desolados, ele e a esposa decidem, por caridade, acolher em sua casa uma freira e dezenas de meninas desalojadas de um orfanato. Só que eles logo se tornam alvos da possuída criação do fabricante, Annabelle.
Dirigido por David F. Sandberg, que já traz em seu currículo o sucesso de crítica e de público Quando as Luzes se Apagam, Annabelle 2 conseguiu driblar a maldição das continuações e se tornar um filme muito mais elogiado que seu antecessor. Enquanto o primeiro longa amarga 29% de aprovação no site Rotten Tomatoes, que compila críticas e faz uma média que vai de zero a 100%, A Criação do Mal conquistou 68%.
O consenso entre os críticos é de que o prelúdio é mais uma forte adição ao universo iniciado em Invocação do Mal e prova que bonecas assustadoras, quando bem trabalhadas, continuam uma ferramenta confiável em criar uma atmosfera de medo.
Não que a obra seja a reinvenção do gênero, algo que é bem difícil de fazer, convenhamos, especialmente pelo fato de que o terror se trata de uma fórmula tão conhecida do público. Mas os críticos apontam que Annabelle 2 sabe utilizar esses elementos para criar o clima necessário para atingir o sucesso artístico que o primeiro longa falhou em conceber.
E Annabelle 2 já pode ser considerado um sucesso. Com um orçamento de apenas US$ 15 milhões, o longa arrecadou mais de US$ 35 milhões no último fim de semana nos Estados Unidos, quando entrou em cartaz. Além disso, a produção também chegou a outros 39 mercados no mundo, acrescentando mais US$ 35 milhões, levando o total da estreia a mais de US$ 70 milhões.
Ao todo, os quatro filmes ambientados nesse mundo já beiram o US$ 1 bilhão nas bilheterias mundiais, valor que deve ser ultrapassado em breve com Annabelle 2.
Com isso, é fácil garantir que esse universo continuará por mais alguns bons anos nos cinemas. Já garantidos para o futuro estão Invocação do Mal 3 e mais dois longas derivados, The Nun, baseado no espírito do mal em forma de freira apresentado em Invocação do Mal 2, e The Crooked Man, também inspirado por uma das criaturas mostradas no segundo longa da série.
James Wan, a mente por trás do horror
James Wan não é estranho a franquias de horror. Seu histórico de sucesso no gênero começou lá em 2004, quando ele dirigiu Jogos Mortais. O longa, que custou apenas US$ 1,2 milhão, deu início a uma série que já rendeu seis continuações e, ainda este ano, ganhará uma sétima.
Em 2010, mais um sucesso para a lista. Wan dirigiu Sobrenatural, outra produção de baixo orçamento (US$ 1,5 milhão) que se tornou franquia e caminha para seu quarto longa, agendado para chegar aos cinemas em janeiro de 2018.
Em todos esses casos, porém, Wan só dirigiu os primeiros filmes das séries, exercendo apenas o cargo de produtor em suas continuações ou longas derivados. A exceção foi justamente A Invocação do Mal, em que ele retornou para um segundo round.
Fora do gênero, o diretor atingiu sucesso ainda maior ao assumir Velozes & Furiosos 7, onde mostrou habilidade no universo dos longas de ação e lidou com o imprevisto da morte de Paul Walker, tendo o trabalho Hercúleo de finalizar o filme sem um de seus protagonistas.
Agora, Wan se dedica a Aquaman, longa que leva para os cinemas o personagem dos quadrinhos da DC Comics cuja estreia está marcada para dezembro de 2018. O projeto, inclusive, deve fazer com que o diretor não retorne para Invocação do Mal 3.
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