Os lunos da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), na região Central da cidade de São Paulo, denunciaram, nas redes sociais, um caso de racismo contra um aluno do Centro de Comunicação e Letras (CCL) e seu irmão, no dia 17 de agosto.
O relato foi publicado na página Coletivo Negro Afromack e dizia que um aluno levou o irmão ao Mackenzie para que conhecesse o campus. Segundo o texto, enquanto os irmãos iam para o diretório acadêmico da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (Dafam) foram “acompanhados de longe por diversos seguranças”.
Procurado pelo G1, o Mackenzie não se posicionou até a publicação dessa reportagem.
Ao entrarem no prédio, ainda de acordo com o post, um dos seguranças pediu a identificação do irmão do aluno – que já havia apresentado seus documentos na entrada da universidade – e afirmou que o aluno do CCL seria “responsável pelas atitudes do visitante nas dependências da UPM”.
Um dos alunos de arquitetura afirmou que ouviu dos seguranças que ele “estava fazendo aquilo para a segurança” dos demais estudantes. Em nota de repúdio, o Dafam disse ainda que os seguranças pediram que os irmãos se retirassem do diretório.
“É de entendimento dos presentes que os seguranças intimidaram e constrangeram os meninos, evidenciando o despreparo e a política opressora com que a segurança da Universidade aborda diariamente visitantes e alunos negros”, diz a publicação do diretório.
Nas redes sociais, os alunos pedem o posicionamento da universidade e afirmam que defendem “um diretório democrático, onde todas e todos possam se sentir acolhidos, independente de ser estudante da UPM”.
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Coletivo Afromack publicou história nas redes sociais (Foto: Reprodução/Facebook)
Casos de intolerância
Em junho de 2017, uma aluna do curso de direito do Rio de Janeiro também denunciou um caso de racismo na UPM. Ela não estava na sala de aula quando foi chamada de “macaca” por uma colega de classe. A jovem cancelou a matrícula e abandonou o curso.
Em uma publicação, a aluna escreveu: “toda a dor que eu amargo dentro do peito, com as feridas que pessoas tentam todos os dias me causar, se transforma em mais luta e garra, isso fortalece, mas todos temos limites, meu limite com a Mackenzie Rio chegou ao fim”.
A universidade informou para a aluna que instaurou uma comissão para apurar os fatos.
Homofobia
Em fevereiro, alunos reclamaram de pichações machistas e homofóbicas nos banheiros da instituição. Em três fotos publicadas nas redes sociais, portas dos banheiros mostram frases ofensivas a gays e feministas, e citando o nome do deputado federal Jair Bolsonaro.
Procurada pelo G1, a Universidade Presbiteriana Mackenzie afirmou, em nota, que "foi surpreendida por manifestações anônimas, de caráter discriminatório, encontradas no ambiente reservado de banheiros" e que "por seu princípio confessional esta Universidade não faz, não apoia e condena quaisquer tipos de discriminação, repudia violência física e verbal e seguirá defendendo seus princípios de respeito e amor ao próximo".
A assessoria do deputado Jair Bolsonaro afirmou que ele não tem relação com o ocorrido e não se pronunciará.
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Pichação homofóbica apareceu em diversos banheiros do campus da Universidade Presbiteriana Mackenzie na quarta-feira (22) (Foto: Reprodução/Facebook/Coletivo LGBT Mackenzista)
Em comunicado conjunto divulgado no Facebook, os coletivos LGBT Mackenzista, Afromack, FFM (Frente Feminista Mackenzista) e Frente Ampla Mackenzie afirmaram que, "não por acaso, essas expressões de intolerância ocorreram momentos após um grupo de estudantes LGBTs decidirem andar pacificamente pelo campus de mãos dadas". Os estudantes disseram que "é repugnante que uma expressão de apoio, fraternidade e amor tenha uma reação tão odiosa e fascista, de forma que parte da comunidade acadêmica sinta necessidade de regurgitar seu ódio covarde escondida em um banheiro".
Essa não foi a primeira vez que estudantes do Mackenzie encontram pichações anônimas com frases ofensivas a minorias. Em outubro de 2015, um banheiro masculino da Faculdade de Direito da universidade foi pichado com uma frase racista.
Em novembro do mesmo ano, uma pichação homofóbica foi encontrada também no banheiro da Faculdade de Direito. Uma imagem circulou nas redes sociais mostrando a porta de uma das cabines do banheiro, onde foi escrita a frase "Morram gays malditos".
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