Uma trajetória de devoção, fé e de muita perseverança. Quatro tropeiros de Potirendaba decidiram cavalgar ao lombo de mulas até o santuário do Divino Pai Eterno, em Trindade – Goiás. A viagem que durou 21 dias, percorreu mais de 800 quilômetros, cruzando três estados, em 26 cidades.
Os quatro amigos que saíram de Potirendaba no dia 8 de abril, chegaram ao Santuário no dia 29 do mesmo mês. Passando por paisagens deslumbrantes, os homens com idades entre 34 e 42 anos contam que puderam ver desde animais exóticos, como até rastro de onça.
Walcio de Abril Gallo, de 34 anos, conta que tudo começou por um desejo dele em cavalgar até um local Santo e que tudo se concretizou quando contou conto aos amigos. “Eu sempre tive vontade de ir a Aparecida ou a Trindade e comentava com meus amigos. Um dia começamos a planejar e decidimos colocar o pé na estrada”, comenta.
Quem topou a aventura foram os amigos Ricardo Sanfelice Pastorelli, de 34 anos, Osmar Coiado Júnior, de 40 anos e Fabiano Farinazzo Fernandes, de 42 anos. O percurso contou com o apoio do locutor, Evandro Martins, de 37 anos e de Luiz Leite que seguiram em um caminhão montando os acampamentos aos cavaleiros.
Evandro era o cozinheiro da turma e que preparou um cardápio variado e nutritivo aos “cowboys da promessa”. Carne de porco, de vaca, peixe e tudo à moda tropeiro, que fica ainda mais saboroso. Mas não foram só eles que se alimentaram bem não, para os seis animais que seguiram na viagem foram levados 760 quilos de ração, 90 fardos de feno, além de vitaminas e nutrientes para balancear a alimentação.
Antes de sair de Potirendaba, os tropeiros receberam as bênçãos do padre da cidade em frente à Igreja Matriz de onde saiu o percurso. O trajeto percorreu paisagens de São Paulo, Minas Gerais e Goiás, até chegar ao esperado Santuário de Divino Pai Eterno, onde, todos os anos, milhares de fiéis vão cumprir promessas e agradecer às graças alcançadas.
Foram longos 21 dias de caminhada no lombo das mulas de estimação. Outros cinco animais seguiram de apoio no caminhão em uma espécie de revezamento para não maltratar os quatro que estavam na caminhada.
“Antes da gente iniciar a cavalgada, nós fizeram o percurso de caminhonete durante duas semanas para demarcar os locais onde os animais também poderiam ficar abrigados e agente poder montar os acampamentos. Tivemos que abrir cercas, atravessar rios e isso precisava de estratégia para nada dar errado”, conta Osmar.
Eles contam que tudo foi planejado com antecedência, inclusive as despesas da viagem como alimentação, combustível para o caminhão e tudo mais. O valor total de gastos eles estimam que chegou aos R$ 15 mil, ficando mais caro do que terem ido de avião.
“Não tem preço que paga as belas paisagens e a aventura que vamos levar para o resto de nossas vidas. Vamos ter histórias para contar para os filhos e netos, isso é muito gratificante”, comenta Fabiano.
A previsão era de que a tropa chegaria à cidade no começo de maio, porém adiantou e chegou quase cinco dias antes do previsto. No Santuário os tropeiros contam que foram recebidos e homenageados durante a celebração de uma das missas.
Walcio conta que foi uma emoção foi inexplicável. “Todo mundo recebeu a gente com muito carinho. Assistimos duas missas, recebemos a benção, fomos homenageados e viemos embora”, fala.
Para voltar, um carro estava esperando o grupo e os animais voltaram abrigados dentro do caminhão. Os tropeiros que são agropecuaristas em Potirendaba, adiantaram para a Gazeta que já planejam a próxima viagem.
(Matéria publicada na edição impressa da Gazeta do Interior do mês de maio de 2017)
(Foto: Arquivo pessoal)
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