Rota do tráfico, rodovia Assis Chateaubriand entra na mira do MP



Tida como ponto de passagem obrigatória para a droga que vem de Foz do Iguaçu (PR) com destino a municípios da região ou a outros Estados, a rodovia Assis Chateaubriand (SP-425) enfrenta uma série de irregularidades na extensão da microrregião de Penápolis.
Diante deste cenário e, em virtude dos acidentes registrados nos últimos anos, o Ministério Público investiga, desde 2014, a situação da estrada para identificar problemas que tenham contribuído para a causa de acidentes, além de apurar se o DER (Departamento de Estrada de Rodagem) está descumprindo com o dever de manter a rodovia em condições de segurança. Na época, o promotor que abriu o inquérito, Gabriel Marson Junqueira, usou informações de boletins de ocorrências elaborados entre 2012 e 2013. Nesse período, foram registrados 162 acidentes de trânsito, sendo 84 sem vítimas, 63 com vítimas e 15 atropelamentos.
Ainda segundo o levantamento feito pela Promotoria, 93 acidentes aconteceram no período diurno e 69, à noite. Dentre as causas, estão: 50 choques, 15 atropelamentos, 11 colisões laterais, 15 transversais, oito frontais, 19 traseiras, 24 tombamentos, oito capotamentos e 12 de outras circunstâncias. A maior incidência se dá às quartas, quintas e sextas-feiras, o que representaram 50% das ocorrências. O promotor João Paulo Serra Dantas, que dá sequência ao inquérito, disse que estes números estão sendo atualizados. “Já solicitamos com as polícias os boletins registrados a partir de 2015”, disse. 
LAUDO
Em março deste ano, peritos do MP estiveram percorrendo a via e, em laudo emitido este mês, apontaram trechos sem sinalização, parte do asfalto com trincas, rachaduras e desnível em diversos pontos. “A SP-425, entre o km 262 e o 312 encontra-se em precárias condições de manutenção e conservação, prejudicando a fluidez e segurança dos usuários”, diz o laudo.
No documento, a equipe apontou como pontos mais críticos os dois trevos de Penápolis, que são incompatíveis para o tráfego corrente de caminhões de carretas, provocando acidentes frequentes nesses pontos. Em junho de 2015, uma Scania carregada com caixas de hambúrguer, bacon, costela de porco e linguiças, tombou em um dos trevos e a mercadoria foi saqueada por centenas de pessoas.
A reportagem percorreu trechos da rodovia na tarde da última quarta-feira e constatou alguns dos problemas apontados pelo MP. No quilômetro 287, onde fica o trevo que ocorreu o tombamento do caminhão, é possível visualizar a pintura das sinalizações e parte das lombadas apagadas, bem como o revestimento da pista em processo de desagregação. A mesma situação pode ser conferida nos quilômetros 285, 292 e 296, sendo que este último ainda tem um agravante: o acúmulo de água no acostamento devido a ausência de sistema de drenagem.
SOLUÇÃO
O laudo finaliza afirmando que, para restabelecer as condições normais de trânsito, será necessária uma série de obras. “Dentre elas, o recapeamento da pista de rolamento nos trechos onde a estrutura do pavimento encontra-se comprometida, a recuperação das camadas inferiores (base, sub-base), implantação e manutenção dos sistemas de drenagem, repintura de toda sinalização horizontal com aplicação de tachas refletivas, reconfiguração geométrica das rotatórias de Penápolis, implantação de proteção por barreira fixa, intensificar a fiscalização para coibir os excessos de velocidade e peso, entre outros", finaliza.


Departamento informa que rodovia
passa por obras de manutenção

Em nota enviada à imprensa na tarde de sexta-feira (23), o DER (Departamento de Estradas de Rodagem) informou que a Assis Chateaubriand recebe obras de manutenção e conservação previstas. “A sinalização é reforçada quando há necessidade”, destacou. O órgão afirmou que ainda não foi notificado do resultado do laudo do MP, mas que está a disposição para eventuais esclarecimentos técnicos.
O promotor João Paulo Serra Dantas ressaltou que, após colher outras informações sobre a quantidade de acidentes registrados na rodovia a partir de 2015, cobrará uma solução do problema junto ao governo estadual e com o DER. “Se nada for resolvido, iremos pela via judicial”, finalizou.
Folha da Região

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