Frio aumenta o uso de medicamentos contra 'doenças de inverno', mas interação pode comprometer eficácia e até causar novas enfermidades

Diretora da seccional de Bauru do Conselho Regional de Farmácia (CRF), Maria Benedita Esgotti lembra que, nesta época do ano, principalmente, é muito comum as pessoas se automedicarem, até porque a venda dos antigripais é livre de prescrição, mas nem por isso esses remédios são inócuos.
"Devemos sempre nos ater que os medicamentos são compostos por princípio ativo, responsável pelo efeito terapêutico. Como sendo um composto químico pode interagir ainda com alimentos, chás, bebidas alcoólicas, entre outros produtos", destaca Maria.
ANTI-INFLAMATÓRIOS
"Nas gripes e resfriados, é comum o uso dos Anti-Inflamatórios Não Esteroides (Aines), onde se inclui o ácido acetilsalicílico. Altas doses deste anti-inflamatório poderão ocasionar hipoglicemia em diabéticos que utilizam insulina ou medicamentos que favorecem a secreção de insulina. Os anti-inflamatórios potencializam o efeito destes medicamentos", alerta a farmacologista e docente da USC Márcia Clélia Marcellino.
COMBINAÇÕES DE RISCO
Um bom exemplo de combinação arriscada é o uso de descongestionante nasal com colírio betabloqueador para controlar a pressão interna do olho em portadores de glaucoma. "Isso porque esta combinação pode cortar o efeito do colírio e levar à piora do glaucoma", pontua o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, Instituto Penido Burnier, em Campinas.
Uma das combinações mais perigosas seria a dos broncodilatadores, que aumentam a entrada de ar nos pulmões, com colírio betabloqueador para glaucoma, que pode levar à falta de ar e até causar asma.
ANTIALÉRGICOS
Segundo Márcia Marcellino, os antialérgicos corticoides podem interagir com medicamentos orais utilizados no controle da glicemia em diabéticos.
"Podem comprometer a eficácia de diuréticos no controle da pressão arterial, pois, se utilizados por muito tempo, promovem retenção de líquido", pontua.
Chás?
Outra dica é evitar a ingestão de medicamentos com chás, pois muitos também são dotados de principio ativo, que podem aumentar a absorção do medicamento no organismo, aumentando, assim, seus efeitos terapêuticos. O melhor líquido para ingestão de medicamentos é a água, é importante a gente lembrar sempre isso.
Além disso, é importante lembrar os riscos da "vizinho-terapia" ou "amigo-terapia". A falta de adequação da posologia pode causar intoxicação hepática.
Até colírios exigem cuidados
Um levantamento feito, recentemente, no Instituto Penido Burnier, em Campinas, pelo oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, mostrou que, no outono/inverno, as interações perigosas entre colírios e medicamentos indicados para tratar resfriados chegam a dobrar e atingem 20% dos pacientes.
"As mulheres devem estar atentas ao uso de colírio antibiótico para conjuntivite bacteriana com pílula anticoncepcional. Isso porque os antibióticos cortam o efeito da pílula", pontua. A amoxicilina também é um exemplo de antibiótico que reduz o efeito dos anticoncepcionais.
O colírio também não tem efeito quando usado com anti-histamínico. A saída para os alérgicos seriam as cápsulas de semente de linhaça, que contêm ômega 3 e garantem a melhor lubrificação dos olhos. Fonte Jcnet.
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