Aposentada pela Microsoft, Nokia foi essencial na história dos celulares

Depois de 35 anos como um dos principais nomes na indústria de telefones celulares, a Nokia virou um fantasma em um segmento que ajudou a criar.
A Microsoft, que desembolsou US$ 7,2 bilhões para comprar a companhia, decidiu abandonar a marca "Nokia" na linha de smartphones Lumia no último mês.
A partir de agora, os aparelhos serão vendidos como Microsoft Lumia.
A marca Nokia continuará a existir apenas em alguns celulares de segundo escalão, mais simples, voltados a mercados emergentes.
O que sobrou da gigante finlandesa é muito pouco para uma empresa que liderou o mercado mundial de celulares de 1998 a 2012 –e chegou a ter 40% do mercado.
Com quase 150 anos de história, a Nokia teve influência direta no desenvolvimento das redes de telefonia com padrão GSM, hoje a norma em quase todo o mundo.
Se você troca o chip do seu celular para escolher a melhor operadora, por exemplo, é resultado do padrão GSM. A marca também foi responsável pelo primeiro SMS do mundo, em 1993.
O QUE DEU ERRADO
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"Os dois maiores erros da Nokia foram a demora em perceber que uma plataforma fechada (Symbian) não serviria para o futuro e o consequente atraso em sua entrada no mundo de smartphones com plataformas abertas", diz Ricardo Barbará, diretor de vendas da companhia no Brasil entre 2005 e 2009.
A Nokia chegou a produzir no Brasil 52 modelos diferentes de celular em um só ano (média de um por semana), mas isso mudou rápido.
Em 2007, surgiu o iPhone, que foi visto pela empresa como produto de nicho.
No ano seguinte, veio o primeiro celular com Android. A Nokia preferiu fazer piada. Em 2010, Anssi Vanjoki, executivo-chefe da companhia na época, afirmou que adotar o Android era como "fazer xixi na calça no inverno, pois o alívio temporário é seguido por algo ainda pior".
A Samsung adotou o Android e hoje lidera o mercado mundial de smartphones, segundo a consultoria IDC. A Nokia ficou com o Symbian até 2011, quando adotou o Windows Phone.
"Existia uma certa arrogância nos finlandeses em aceitar um novo caminho. É difícil mexer em time que está ganhando. A arrogância pode ter trazido uma certa miopia", afirma Fernando Terni, presidente da Nokia no Brasil entre 2002 e 2006.


Livre da divisão de celulares, o que restou da Nokia independente da Microsoft atuará em infraestrutura de telecomunicações, mapas e novas tecnologias.

Para os mais otimistas, a nova Nokia segue um caminho já traçado pela empresa antes. Em 1992, a empresa se desfez de outras unidades, como a que fazia pneus e galochas, para focar em telecomunicações.
Mas, para os finlandeses, a queda dói. "A Finlândia tinha dois pilares que entraram em colapso", afirmou no mês passado Alexander Stubb, premiê finlandês, enquanto tentava explicar a difícil situação econômica do país.
"Paradoxalmente, você poderia dizer que o iPhone matou a Nokia e o iPad matou a indústria de papel finlandesa", disse. Curiosidade: a Nokia surgiu como uma fábrica de papel. 

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