Idosa de 73 anos faz engenharia após ser proibida pelo pai e marido de estudar





Quem vê Allice Serafim pela primeira vez pode não imaginar, mas ela é uma aluna de 73 anos do curso de engenharia de produção. Em meio a jovens na faixa etária de 20 anos, a ex-ajudante de cozinha não se intimida, pois sabe bem da importância dos estudos para uma qualidade de vida melhor. Impedida pelo pai e marido de estudar quando ainda era mais nova, ela nunca deixou o sonho se apagar e depois de 65 anos conseguiu voltar para a sala de aula.
Aos 73 anos, a aposentada encontrou na terceira idade a oportunidade de fazer a tão sonhada faculdade. Allice, que começou a trabalhar quando ainda era adolescente; nem chegou a terminar o ensino fundamental. Na época, quando estava nos primeiros anos do ensino básico, teve que parar por obrigação do pai. Ao se casar nova, também encontrou
"Meu pai falou que não precisava estudar. Eu tinha muita vontade, mas não tinha liberdade. O tempo foi passando e não teve jeito, meu pai falou para eu casar. Quando fiz 19 anos, casei e lembro que pedi para o meu esposo, mas ele tinha o mesmo pensamento do meu pai", contou a mãe de quatro filhos.
Ler e escrever ela aprendeu por conta própria. Foi com a bíblia, que Dona Allice conseguiu formular os primeiros textos. Como não podia estudar, Allice pegava um caderno, lápis e a bíblia para treinar. Foi praticando com o livro religioso, que ela conseguiu a própria alfabetização. “Falei pra Deus ser meu professor".
A tão sonhada volta às aulas aconteceu em 2014, depois do falecimento do marido. O primeiro passo foi se mudar da Capital para Catanduva para terminar o ciclo básico por meio do sistema de Educação de Jovens e Adultos (EJA). "De 2014 até hoje não perdi nenhum dia de aula, nem quando machuquei o pé. Me orgulho muito disso".
Allice não parou e antes de ingressar na faculdade, fez aulas de violão, informática básica, contabilidade e até de como se comunicar em público. E engana-se quem pensa que ela tem mágoas do pai pela impedição dos estudos. "Era diferente naquela época, não temos que acusar os pais".
Na entrevista concedida via chamada de vídeo, a senhora de 73 anos até surpreendeu o repórter quando manuseava como poucos o recurso tecnológico. Quando no final da entrevista questiono sobre o que os estudos representam pra ela, Allice abre um sorriso e diz: “o estudo representa tudo na minha vida”, finalizou a idosa de 73 anos, que sabe como poucos o real significado de que nunca é tarde para estudar.
POR:(Diário da Região)

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