Depois de passar mais de três meses em um leito de UTI, o taxista José
Eloi Diniz, de 47 anos, teve uma surpresa na tarde desta quarta-feira
(20). No horário de visita, ao invés de receber os parentes, ele foi
levado pela equipe médica do Hospital de Base de Brasília para um
passeio.
O trajeto foi curto. José percorreu, de maca, a área externa do prédio.
Durante 40 minutos, viu as plantas, as pessoas e o pouso de um
helicóptero do Corpo de Bombeiros.
A saída dele foi planejada durante mais de um mês. Internado há 95
dias, o motorista de táxi é o paciente mais antigo da unidade de terapia
intensiva do hospital público.
Ele sofreu um infarto em dezembro do ano passado e ainda teve quatro
paradas cardíacas. Apesar de não conseguir falar, José sorriu quase o
tempo todo.
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O passeio foi uma surpresa também para a família de José. A esposa dele, Alacides Sousa, mal conseguia esconder a emoção.
"Quando cheguei, a equipe disse que eu teria fortes emoções. Meu coração disparou."
O irmão de José, Antônio Eloi, disse que depois de ver o irmão passear,
voltaria aliviado para casa. "Em alguns dias, vamos embora preocupados,
mas hoje, estamos satisfeitos. Após mais de 90 dias sem ver uma
paisagem, ter outra visão é importante", afirmou.
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A iniciativa de levar o paciente para um passeio faz parte de uma
proposta do hospital para humanizar a UTI. Na unidade de saúde, os
funcionários consideram José "uma lenda", já que sobreviveu a diversas
paradas cardíacas ao longo da internação.
"Sabemos que é uma pessoa que tem vontades, gostos e preferências", diz o psicólogo da UTI, Wesley Ponte.
A fisioterapeuta Cássia Dalbosco também reconhece a gravidade do quadro
de saúde do motorista, mas se mostra favorável à saída da unidade.
"Sabemos que tanto tempo internado repercute em vários aspectos,
inclusive emocionais, que interferem diretamente na melhora", afirma.
"Temos que trabalhar com a realidade, então, o máximo que podemos trazer de humanização, fazemos."
Até esta quinta-feira (21), José Eloi seguia sem previsão de alta
médica. Segundo a direção do Hospital de Base, também não há um novo
passeio marcado para ele ou para outros pacientes.
"Para que o passeio aconteça, é necessário avaliar antes o quadro de
saúde da pessoa internada, além do estado psicológico da família",
informou o hospital que considerou "extremamente positiva" a
experiência.
Hospital de Base
O Hospital de Base é administrado pelo Instituto de Gestão Estratégica
de Saúde do DF (IGESDF). Ao todo, são 68 leitos de UTI em funcionamento.
Na unidade cardíaca, onde José está internado, são oito vagas.
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